Cursinhos comunitários são iniciativas educacionais de caráter social que buscam proporcionar acesso ao ensino superior, por meio da preparação para vestibulares e exames como o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), à estudantes de comunidades de baixa renda localizadas, na maioria das vezes, em áreas periféricas das cidades.
Possuem um foco especial em superar as barreiras socioeconômicas no acesso ao ensino superior, capacitando estudantes de comunidades de baixa renda a superar desafios e atingir seus objetivos educacionais. Eles desempenham um papel crucial na promoção da igualdade de oportunidades e no fortalecimento da sociedade como um todo.
Geralmente, esses cursinhos são oferecidos de forma gratuita ou a preços simbólicos, tornando-os acessíveis para estudantes que não possuem condições financeiras de arcar com os valores dos cursos preparatórios convencionais.
Costumam oferecer aulas de reforço em disciplinas com maior defasagem nas escolas públicas, técnicas de estudo, simulados, palestras, orientação vocacional e visitas guiadas a universidades de referência, buscando capacitar os estudantes para enfrentar os desafios dos processos seletivos e compreender melhor sobre tudo que diz respeito ao ensino superior.
Podem ser encontrados em diferentes comunidades e cidades ao redor do país, e muitos deles têm histórias de sucesso em ajudar estudantes a alcançarem seus objetivos de ingressar no ensino superior e posteriormente ocupar cargos importantes no mercado de trabalho, fazendo com que muitas vezes transformem a vida de toda a família.
Os cursinhos populares têm um impacto significativo na sociedade, especialmente em comunidades de baixa renda e em regiões periféricas. Eles desempenham um papel fundamental em promover a igualdade de oportunidades educacionais e em mitigar as desigualdades sociais.
O Cursinho Popular Espaço Educacional Quilombo Guarani uma das organizações apoiadas pelo IMF, localizado na periferia da zona sul de São Paulo, no distrito do Jardim Angela, na Cidade Ipava, fundado pelo Paulo Borges e professores sensibilizados com a triste realidade do Ensino Médio nas escolas públicas da região, preparam os jovens periféricos para uma vida protagonista e emancipadora. Atualmente atendem em torno de 150 jovens nos cursos preparatórios para vestibulares de universidades públicas e privadas, e para escolas técnicas de São Paulo. Já garantiu o ingresso de mais de 100 estudantes em universidades de prestígio no país como USP, Unicamp, UNESP, UEMG.
Renata Gomes, coordenadora Pré Etec e professora voluntária do Quilombo Guarani, estudante de Letras da USP, participou da entrevista, que podem conferir a seguir explanando melhor o que é o cursinho popular e o QG.
1. O que significa para você ter o projeto de cursinho popular?
Ter um projeto de cursinho popular significa oferecer oportunidades de educação para estudantes em situação de vulnerabilidade social e financeira a fim de prepará-los para o ensino superior de qualidade. É uma maneira de nivelar o campo de jogo e abrir portas para o sucesso acadêmico e profissional.
2. Qual foi a motivação por trás da criação dessa iniciativa?
A desigualdade de acesso à educação superior. Muitos jovens da periferia nem imaginam que há universidades públicas ou meios de entrar em uma particular sem pagar nada, ou seja, com bolsa. Muitas vezes, essas informações só chegam através de algum cursinho que se propôs a divulgar e, geralmente, o alto custo dos cursinhos e a falta de recursos limitam as oportunidades para jovens talentosos. Portanto, a criação de um cursinho popular visa superar essas barreiras e permitir que mais pessoas tenham acesso a uma educação de qualidade.
3. Quais são alguns exemplos de histórias de sucesso de alunos que passaram pelo cursinho e conseguiram ingressar em instituições de ensino superior?
Eu, por exemplo. Fui estudante do Quilombo Guarani durante o ensino médio e hoje curso Letras na Universidade de São Paulo, uma instituição pública e com ensino de qualidade. Se eu consegui esse feito foi porque tive a ajuda do cursinho na minha formação pessoal e acadêmica. Como aluna sempre tive orgulho em falar do QG e hoje tenho mais ainda pois voltei e atuo como voluntária.
4. Quais foram os principais desafios enfrentados pela organização ao longo do tempo? Como esses desafios foram superados?
Uma das maiores dificuldades é manter o projeto de pé. Precisamos de apoio financeiro para, efetivamente, realizar o que temos idealizado: levar a educação de qualidade a jovens que verdadeiramente necessitam.
5. Como você espera que o cursinho esteja daqui 10 anos?
Desejo que, daqui a 10 anos, o Quilombo tenha se expandido e se fortalecido, alcançando um impacto ainda maior na comunidade. Espero que a iniciativa tenha evoluído para atender não apenas à preparação para o ensino superior, mas também à formação integral dos alunos, ajudando-os a desenvolver habilidades pessoais e sociais.
6. Para você um Cursinho Popular significa apenas o acesso às Universidades?
Não significa apenas acesso às universidades. Embora o acesso à educação superior seja um dos principais objetivos, um cursinho popular também desempenha um papel importante no desenvolvimento social do estudante. Um estudante de um cursinho popular não aprende somente os conteúdos para as provas, aprende a pensar fora da caixa, a se entender como ser humano e a tratar as outras pessoas ao redor como seres humanos também. Desenvolvemos pensamento crítico, político e social e a partir disso podemos enfrentar as muitas barreiras que infelizmente temos.
7. Como as pessoas podem apoiar um Cursinho Popular?
As pessoas podem apoiar de várias maneiras: doando recursos financeiros, oferecendo seu tempo como voluntários para dar aulas ou fornecer orientação, contribuindo com materiais didáticos ou divulgando a iniciativa para atrair mais estudantes que possam se beneficiar do programa. O apoio da comunidade é fundamental. Precisamos trazer para perto quem já está ao nosso lado para assim criar força e alcançarmos mais pessoas.
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